O projecto de ajudarmos a criar uma oficina de costura no orfanato dos rapazes em Bissalanca, já está a ser costurado pelo menos desde 2012.
Mas foi em 2009, quando cheguei pela primeira vez à Guiné-Bissau, que me deparei com a realidade dos homens alfaiates de rua.
Achei tão interessante que resolvi ir ao mercado do Bandim, um dos maiores da áfrica subsariana, comprar muitos metros de tecidos coloridos para serem transformados em lindos vestidos. Surgia assim a primeira parceria com o rapaz alfaiate do bairro de Hafia, o bairro onde está situado o orfanato. Ele costurava os vestidos, eu vendia-os em Portugal e o dinheiro das vendas era enviado para o orfanato.
"Na Guiné-Bissau quem costura são os homens. Uma tradição que passa de geração em geração. Conheci um rapaz que com pedaços de tecidos fazia arte. Na sua tabanca e com um pequeno gerador que lhe fornecia a energia para pôr a máquina de costura a trabalhar, chamava a atenção de todas as mulheres que por lá passavam enchendo a aldeia de mil cores. Nos tecidos africanos cada padrão conta uma história. As mulheres quando os usam estão a passar uma mensagem. Estes vestidos também passam a sua mensagem, a da solidariedade."
Uma das maiores preocupações do orfanato Casa Emanuel, é que as suas crianças tenham um futuro. Para isso, a escola do orfanato, faz diariamente um enorme esforço para que lhes sejam transmitidos todos os conhecimentos possíveis para que no futuro possam ter um trabalho ou exercer uma profissão no seu país, um dos mais pobres do mundo.
E, juntando estes fatores, nasceu a tal ideia de criar uma oficina/escola de costura no orfanato dos rapazes para que estes possam aprender a arte de costurar e no futuro, se quiserem, exercê-la como profissão.
A ONGD Coração Sem Fronteiras e os seus parceiros e voluntários uniram esforços e mais uma vez o projeto vai poder concretizar-se.
A caminho da Guiné-Bissau vão dezenas de máquinas de costura e material eléctrico para montar a tão desejada oficina.