25 de agosto de 2011

Nascer gémeo, uma dura realidade ou uma benção...


                                   
© UNICEF/Giacomo Pirozzi http://www.unicef.org/

Agosto é um mês muito especial para mim.
Para além de ser o mês do meu aniversário é também o da minha irmã Susana.
Somos gémeas e por isso partilhamos a alegria de termos nascido no mesmo dia com apenas 5 minutos de diferença.
No entanto, desde que tive conhecimento da realidade da Guiné-Bissau, passei a encarar o facto de ser gémea de forma diferente.
Na Guiné os gémeos são quase sempre sacrificados... ou pelo menos um dos bebés, normalmente o mais fraco.
Quando alguma criança nasce com uma deformação física marcante, albina ou quando nascem gémeos, os familiares, sobretudo pertencentes à família da mãe, costumam duvidar de que se trate verdadeiramente de uma pessoa.

Para as diferentes etnias guineenses para se adquirir o estatuto de pessoa, não basta alguém ter nascido vivo de um ventre humano.
Nestes casos o ser que nasce com características humanas pode tratar-se de um mau espírito, de um "ucó", que se apoderou da mãe e que, caso não seja afastado, poderá causar-lhe a morte ou continuar a afectá-la em futuras gestações.

Por causa de crenças como esta, são muitos os gémeos que ao nascerem passam por terríveis provas tradicionais, tais como o abandono junto ao mar para verem se sobrevivem às marés ou são mesmo deixados abandonados no meio do mato.
Em Bissau, no orfanato onde vivi, os gémeos eram mais que muitos... Desde o primeiro dia senti-me mais próxima de todos eles, quase como se tratasse de uma causa minha.
Espero que esta realidade mude rapidamente mas sei que para isso as mentalidades têm que mudar também.

2 de agosto de 2011

Princesas à distância de um abraço



Saudades destas princesas e de muitas outras das quais me despedi, com uma lágrima no canto do olho, em Junho de 2009 quando deixei para trás a Guiné-Bissau.
Apesar da distância geográfica, todas elas estão no meu coração e pensamento quase diariamente.
A Ana, a Hadassa e a Carolina, abracei-as há 2 meses atrás num feliz encontro em Lisboa.
A Cumba, a Sara, a Milagre, a Anaísa, a Samira, a Djadja, e todas as outras meninas que vivem no orfanato Casa Emanuel, só poderei voltar a abraçá-las quando lá regressar.
Desejo que esse encontro "adiado" esteja para breve.