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Um tema que neste momento e na situação de insegurança em que este país se encontra faz todo o sentido abordar e que acabou por contagiar e deixar entusiasmadas todas as crianças da escola.
Sorrisos sem cor, sem idade, sem futuro, sem nada. Simplesmente sorrisos, os sorrisos das crianças da Guiné-Bissau. Este é o diário de uma voluntária em busca de alguns deles.
Começaram as primeiras chuvas tropicais e com elas mais alguns animais vieram juntar-se a nós neste pequeno jardim africano. Para além dos cajueiros e das mangueiras também habitam neste oásis diversas espécies trazidas da Costa Rica e que aqui encontraram todas as condições necessárias à sua sobrevivência. Nesta época do ano os cajus começam a cair de maduros e as crianças passam o dia a comê-los. Dizem que são muito docinhos... mas eu prefiro a castanha. Estas árvores são também o habitat de diversas espécies de lagartos de vários tamanhos, cores e feitios. Os mais comuns são os azuis de cabeça amarela. (desculpem a minha ignorância mas ainda não descobri qual o seu nome científico) Quem também resolveu dar o ar da sua graça nestes dias mais húmidos foram os sapos que passam agora as noites a darem-nos música. Já para não falar nas cobras que resolvem aparecer quando menos esperamos...
É verdade que estamos juntos pela mesma causa e que partilhamos interesses comuns mas também é verdade que aqui na Casa Emanuel pertencemos todos a realidades bastantes distintas.
Todos os dias aqui no orfanato falamos diversas línguas. Desde o português de Portugal (eu e Ana), o português do Brasil (Rose, Bene, Geanne, Henrique e Carlos), o espanhol da Costa Rica (Isabel e Eugénia), ao inglês dos E.U.A. (Maritza) e de Inglaterra (Roy). Não esquecendo o crioulo, que é a língua mais falada pela maioria das crianças e dos trabalhadores e professores da Casa Emanuel e de todos os idiomas falados pelos voluntários e missionários que por aqui vão passando.
Sem dúvida uma diversidade cultural e linguística que nos enriquece a todos. São muitas as refeições em que "discutimos" quais os costumes dos nossos países, os pratos típicos das regiões de onde somos naturais, as suas atracções turísticas e todas as coisas menos positivas que gostaríamos de mudar.
É muito bom sentir como todos, sem excepção, nos adaptamos às diferenças culturais uns dos outros e tiramos delas o melhor partido. Tanta diversidade linguística origina também situações caricatas, como as conversas em que sai um português misturado com inglês e crioulo e que resulta em algo muito pouco decifrável!