25 de fevereiro de 2010

A vista da minha janela...





Estas fotografias foram tiradas nos jardins do orfanato mas a vista da pequena janela do meu quarto era exactamente a mesma...
Crianças a brincar por todo o lado, muitas peripécias, choros, gargalhadas, danças ao som das músicas improvisadas pelos mais pequeninos, subidas às árvores, muitas mangas e cajús à mistura, bolas esfarrapadas, pés descalços, corridas e quedas de bicicletas, os grupinhos de meninas a brincarem ao caracol com as pedras que apanhavam do chão e muito mais.
Foram muitas as fotografias que tirei destes momentos... mas o que eu gostava mesmo era de os espreitar da janela do meu quarto e deliciar-me a vê-los brincar.
As crianças na Guiné têm um brilho diferente no olhar.
Têm uma luz que representa todas as lágrimas de tristeza mas também os sonhos e as alegrias.
Elas iluminam os caminhos por onde passam, numa Guiné que continua na escuridão.
Elas são o futuro que vai poder, um dia, iluminar este país...

18 de fevereiro de 2010

Entre tarefas e brincadeiras











O dia-a-dia no orfanato é muito movimentado.
Por entre as brincadeiras das crianças mais pequenas, as mais velhas vão tentando ajudar em algumas das tarefas diárias.
Uma das coisas que as meninas gostam de fazer é de ajudar na cozinha...
Trabalho não falta pois, nesta instituição, são servidas cerca de 700 refeições por dia.
Só na cozinha, e a trabalhar permanentemente, são mais de 5 funcionárias.
A Djenabo é a cozinheira chefe.
É também a mais sorridente de todas...
Ao fim de algumas semanas habituei-me ao seu tempero e percebi que o seu segredo era a dedicação com que fazia todas as coisas.
Tenho saudades das mangas que muitas vezes me ofereceu e que me adoçaram a boca nos meus pequenos-almoços mais solitários...
A janela do meu quarto não tinha vidro e por isso era sempre das primeiras a acordar.
O ritual cumpria-o sempre: mango de faca da Djenabo.
De comer e chorar por mais!

13 de fevereiro de 2010

Ser madrinha à distância...




Trata-se apenas de uma ligação simbólica entre nós e as crianças que apadrinhamos.
Mas é um elo que pode fazer toda a diferença nas suas vidas...
É uma forma de ajudarmos as crianças mais desfavorecidas, órfãs, vítimas de abandono e de inúmeras doenças.
Com apenas 20€ por mês, estamos a contribuir para ajudar a melhorar as condições em que vivem, a proporcionar-lhes uma alimentação mais saudável, a dar-lhes a hipótese de irem à escola e de terem algum material escolar.
Para mim, ser madrinha do Ivan, é mais do que o compromisso  de ajudar alguém, é um privilégio!
No apadrinhamento à distância, os padrinhos e as madrinhas têm sempre a hipótese de trocar correspondência com os seus afilhados, seguir o seu percurso escolar e até, quem sabe um dia, visitá-los no local onde vivem.
No meu caso, tenho a sorte de conhecer o meu afilhado.
Vivi em casa dele, mais propriamente no orfanato onde foi abandonado quase à nascença.
Dei-lhe muitas vezes o leite e mudei-lhe as fraldas.
O Ivan adormeceu muitas vezes ao meu colo sem saber que era eu que estava a ser embalada...
Este bebé, de sorriso doce e olhos grandes, transformou-me numa pessoa melhor e deu-me a oportunidade única de o poder ajudar.

(se quiser saber mais informações sobre o apadrinhamento à distância deixe uma mensagem na caixa de comentários)

12 de fevereiro de 2010

Meninos cor de terra








Numa das minhas idas a Uaque e a Mansoa, encontrei estes meninos...
São crianças que brincam na terra e com o que esta lhes dá.
Constroem os seus brinquedos com o pouco ou nada que têm.
Aproveitam tudo, paus, pedras, latas e restos de plástico.
São meninos cor de noite escura, numa terra sem iluminação.

Rostos distantes












Gostava de poder dizer que o que separa estes rostos que fotografei hoje na minha rua, de todos os outros que tenho divulgado, aqui no blogue, e que fotografei na Guiné, é apenas a geografia...
São todos de crianças.
Têm todas no olhar o brilho da inocência.
Mas, é muito maior o que as diferencia do que o que as iguala.
As semelhanças são muito poucas...
A distância ultrapassa as barreiras geográficas e qualquer tipo de fronteiras.
Estas podem e deixam-nas ser crianças. 
As outras lutam pela sobrevivência com as poucas armas que têm.
Estas, as únicas armas que usam são as de plástico e é para brincarem ao Carnaval.

9 de fevereiro de 2010

Contrastes



















A Guiné-Bissau é um país de contrastes e talvez por isso seja tão intrigante e apaixonante.
Se por um lado existem os conflitos políticos, a corrupção, o tráfico de droga, as doenças, a falta de empregos, a pobreza extrema e a falta de água e de luz, por outro lado a sua fauna e flora são de uma diversidade invejável e impressionante.
Parques Nacionais que albergam santuários de tartarugas marinhas, rios a transbordar de água nas épocas mais chuvosas, selvas verdejantes, savana e campos a perder de vista, ilhas paradisíacas e praticamente inabitadas, mangueirais, cajueiros, bananeiras e palmeiras, a mancara, a cabaceira de onde se faz um sumo de sabor inigualável (ou talvez seja pelo facto de que qualquer coisa que  nos refrescasse nos dias mais quentes parecesse um verdadeiro néctar dos Deuses), os hipopótamos, as tartarugas, os chimpanzés e até mesmo as temíveis cobras e os não mais queridos abutres.
A riqueza cromática que pode ser encontrada nos "panos" africanos é tão atractiva como a que encontramos na Natureza.
A terra vermelha, as ruas iluminadas por milhares de estrelas que na ausência de qualquer tipo de iluminação eléctrica brilham mais do que o normal, os cajueiros verdes salpicados de frutos alaranjados e a areia dourada das praias desertas.
Um contraste chocante mas ao mesmo tempo atraente.
Um local onde podemos dar muito de nós e receber muito mais...