Quando os conheci em 2009 eram tão pequeninos, endiabrados e reguilas, tudo características inerentes a meninos de 5, 6, 7 e 8 anos.
Mas agora que regressei, já passaram 5 anos, eles cresceram, as suas necessidades foram sendo diferentes e o espaço começou a ficar pequeno para tantos bebés, crianças e adolescentes, rapazes e raparigas.
E por isso, e com a ajuda e dedicação de muitas "almas" com um coração enorme, o sonho de construir um orfanato para estes rapazes tornou-se realidade.
Num terreno não muito longe do orfanato principal, nasceu o orfanato de Bissalanca.
São 4 casinhas onde vivem cerca de 10 rapazes em cada uma, 2 por quarto, e com um adulto como mentor.
Para além disso, foi construído um refeitório comum, 2 casas para famílias de missionários cristãos que se dediquem a ajudar e orientar todos eles, 2 salas de aulas para os alunos com necessidades especiais e que não possam frequentar a Escola Comunitária Emanuel no orfanato principal e um campo de futebol, para além de muito espaço onde podem correr, saltar e dar asas à imaginação.
Uma particularidade deste orfanato é a existência de uma mini quintinha, com uma horta e um espaço próprio para a criação de animais.
Uma forma de lhes atribuir responsabilidades e de eles aprenderem tarefas que lhes poderão ser muito úteis quando chegar a hora, aos 18 anos, de partirem para a vida real, a vida na Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do Mundo.
Aqui eles plantam, cultivam e consomem muitos legumes, frutas e verduras.
Têm patos, porcos, coelhos, galinhas e três cães de "guarda", a Lala, a Lili e o Buddy, três grandes companheiros que os protegem com garras e dentes.
Achei fantástica a ideia e todos eles receberam-na com muito entusiasmo!
É muito bom ver como cresceram mas também como estão mais responsáveis e mais unidos, como irmãos.
Num futuro próximo, o sonho é construírem uma espécie de atelier com máquinas de costura para que os rapazes possam aprender a costurar roupas e fardas para venderem para fora e assim este espaço possa ser mais autosuficiente.
Também esta uma excelente ideia, já que na Guiné, por tradição, quem costura são os homens.
Tive a oportunidade de passar uns dias com eles neste orfanato, de lhes dar uma aula de artes, como eles carinhosamente chamam, de participar da festa de aniversário de todos os rapazes que fizeram anos no mês de Janeiro e de cozinhar uma bela refeição de cuscuz para a Eugénia e para a Cláudia, as duas missionárias que neste momento vivem com as crianças.
Foi muito bom!