15 de janeiro de 2012

Uma só África


Um dos grandes problemas de África é o conflito entre tribos, que gera muita violência e quase sempre a morte de milhares de inocentes, na sua maioria mulheres e crianças.
A última notícia que li mostra bem o quão chocante é esta realidade.

6 de Janeiro de 2012:

"Na semana passada, mais de 3000 pessoas foram mortas em episódios de violência entre etnias no estado de Jonglei, no Sudão do Sul. Mais de 100.000 pessoas já fugiram da região. "Contámos os corpos e calculámos, neste momento, que morreram 2182 mulheres e crianças e 959 homens", disse Joshua Konyi, chefe da administração da região de Pibor. Este balanço ainda não foi confirmado por outra fonte. As Nações Unidas estimam que dezenas, ou talvez, centenas de pessoas foram assassinadas.
Na semana passada, cerca de 6000 homens armados da tribo Lou Nuer marcharam sobre Pibor e arredores, região povoada pela tribo dos Murle, que eles acusam de ter roubado o seu gado. Os homens armados só se retiraram quando o Exército do Sudão do Sul abriu fogo sobre eles.
A BBC noticiou ontem que o Sudão do Sul declarou a situação de desastre nacional no estado de Jonglei. Isaac Ajiba disse que esta medida deverá ajudar as agências humanitárias a chegar àquela região, levando alimentos, medicamentos e abrigos, tão necessários.
Os confrontos e vinganças entre as duas tribos já duram há vários anos e juntam-se às tensões persistentes junto à fronteira entre este novo Estado, que conseguiu a independência em Julho passado, e o Sudão."


Lembro-me que na Guiné os conflitos existentes tinham também na maioria das vezes como pano de fundo tribos (etnias) opostas tais como os Balanta e os Papel.
A violência entre tribos acaba por comprometer a estabilidade de um país inteiro e provoca muitas vezes autênticas guerras civis.

Segundo a antropóloga Alba Zaluar, autora do livro "Da revolta ao crime S.A.", não nos podemos esquecer que os aspectos mais violentos e irracionais encontrados na sociedade tribal também estão hoje presentes, em formas ainda mais perversas, nas sociedades ditas modernas, marcadas por profundas desigualdades sociais.
A preocupação com o domínio do território, junto com interesses económicos poderosos, é parte importante das nações modernas, provocando guerras mundiais em que milhares de pessoas são dizimadas com armas de grande poder de destruição, inimagináveis para um homem das sociedades ditas primitivas ou tribais. Nas metrópoles modernas, em menor escala, encontra-se o domínio do território nos grupos de rua, nos gangues de bairro e nas quadrilhas de criminosos profissionais, que passam a ocupá-lo e sentir-se "donos da rua". As suas lutas constantes, e guerras intermináveis devem-se a esse extremo zelo em afirmar um controlo fictício do ponto de vista legal, pois o território defendido tão ferozmente é, na verdade, público, ou seja, de todos.

Espero que no futuro hajam mais acordos de Paz do que motivos de guerra.

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