1 de março de 2014

Porquê a Guiné?...




"Existem no mundo milhões de pessoas que não têm acesso aos mais elementares cuidados de saúde, aos mais básicos padrões de alimentação, de educação, de higiene, de vida. Todos conhecemos esta dura realidade. Todos já ouvimos falar, já presenciámos, já vimos imagens ou até já ajudámos ou propusemo-nos ajudar. A verdade é que, infelizmente, essas situações continuam a existir!
A grande maioria destas pessoas vive em África. A gravidade da situação neste Continente é bem conhecida, mas é particularmente evidente na região subsariana e, em concreto, na Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau está neste momento no 173º lugar do Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD de 2009 (num total de 182 países). Para além de ser muito pobre, a Guiné-Bissau é também um país jovem, onde a média de idades ronda os 25 anos. Isso deve-se ao facto de a esperança de vida no país ser extremamente baixa. Por isso, é fácil concluir que as principais vítimas deste défice de desenvolvimento acabam por ser os jovens e, em particular, as crianças.

Com uma natureza exuberante a Guiné-Bissau é um país tropical, com boas praias para actividades de lazer, locais para a prática de ecoturismo, diversidade cultural, biodiversidade, etc. O Arquipélago dos Bijagós, por exemplo, faz parte da Guiné-Bissau e é constituído por 88 ilhas situadas ao largo da costa africana e foi classificado pela UNESCO como reserva da Biosfera. Esta reserva conta com uma diversificada fauna na qual se contam, entre outras espécies os macacos, os hipopótamos, os crocodilos, as aves pernaltas, as tartarugas marinhas e as lontras. Actualmente, trabalha-se para que esta natureza extraordinária que são as ilhas Bijagós possa obter a classificação de Sítio de Património Natural e Cultural Mundial, sob a égide da UNESCO.

Contudo, existe no país em geral falta de planeamento, falta de segurança política, falta de saneamento básico, urbanização, energia, transportes e uma série de outros obstáculos ao desenvolvimento como o facto de o pais ser já um entreposto importante do tráfico internacional de droga. Diante de todos esses obstáculos, que devem ser enfrentados, é crucial que haja projectos de acção, de ajuda à mudança, porque pressupõe que cada pessoa com as suas experiências adquiridas e em união com outras cria algo mais forte podendo ajudar a construir um mundo mais justo e equilibrado contribuindo para a melhoria da qualidade de vida na Guiné-Bissau, um dos dez países mais pobres do Mundo.

Os últimos estudos indicam que mais de metade da sua população (64,7%) vive em situação de pobreza e 20% da população em situação de pobreza extrema. Doenças como o HIV/SIDA, o paludismo (malária) e a tuberculose continuam a progredir. O abastecimento de água potável, saneamento básico e acesso a um alojamento decente é ainda um luxo para a maioria da população da Guiné-Bissau. A extrema fragilidade da situação humana e a fraca cobertura do país em termos de serviços sociais de base, resulta numa esperança de vida à nascença de apenas 45 anos.
A mortalidade infantil é assustadora: uma em cada cinco crianças não atinge os cinco anos de vida. Estima-se existirem em 2010 seis mil órfãos do VIH/SIDA na Guiné-Bissau aos quais há que acrescentar aqueles cujas mães morrem no parto num país em que apenas cerca de 30% dos partos são assistidos.

A mortalidade materna (definida como a morte de uma mulher durante a gravidez ou até 42 dias após o fim da gestação) está entre os maiores problemas de saúde publica na Guiné-Bissau. De acordo com o Roteiro para a Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, a taxa de mortalidade materna é de 818 para 100.000 nados vivos, o que coloca a Guiné-Bissau como um dos dez países do Mundo com maiores riscos de morte materna. Estima-se que o risco de morte da mulher na Guiné-Bissau durante o parto é de 1 em cada 19 mulheres, enquanto nos países desenvolvidos é de 1 em 8.000!
  Acresce que existe a convicção de que todos os números existentes sobre a mortalidade pecam por defeito, já que no interior do país existem situações que não são reportadas sendo, por isso, inexistentes do ponto de vista estatístico.  Este cenário é agravado pela ausência de respostas públicas que assegurem protecção aos órfãos cujas mães são vítimas do HIV/SIDA ou que morrem durante o parto, agravando-se ainda mais a situação destas crianças quando são portadoras de deficiências. Por razões económicas, culturais e sociais, muitas destas crianças órfãs não são assumidas pelas famílias. Daí que fiquem totalmente dependentes das iniciativas privadas existentes na Guiné-Bissau."

Texto: Slow Movement Portugal

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