Todos os dias de manhã bem cedo, quando eu chegava à escola comunitária do orfanato, encontrava a Aissatu à porta da sala onde eu ia dar as aulas de Artes e de Português.
Uma mulher alta, magra, com corpo de gazela, olhos tristes e lábios carnudos.
Uma mulher de uma beleza imensa mas que trazia espelhado nos seus olhos e gravado no seu rosto o peso de uma vida dura, sem espaço para sonhar...
Apesar da barreira da língua, pois a Aissatu falava apenas o dialecto da sua tribo, senti sempre que comunicávamos através da nossa troca de olhares e dos seus escassos gestos.
Logo de manhã e depois de terminar de limpar a nossa sala e o pátio da escola, a Aissatu fazia questão de ficar encostada num cantinho, imóvel, silenciosa, absorvendo tudo o que se ia passando durante a primeira aula.
Nem imagina ela que apesar de não saber ler, escrever nem falar português, a língua oficial do seu país, apenas com a sua presença me ia inspirando, dando força e motivação para eu continuar a fazer o meu trabalho.
São muitas as vezes que penso na Aissatu e em como é dura a vida dela e de todas as outras mulheres da Guiné-Bissau.
São muitas as vezes que penso na Aissatu e em como é dura a vida dela e de todas as outras mulheres da Guiné-Bissau.
Muito linda essa senhora! Uma beleza nua e pura!
ResponderEliminarBeijinhos
Querida Amiga Joana!
ResponderEliminarO seu blogue é tão importante para todos compreendermos o que se passa em realidades tão distantes da nossa.
Estas mulheres escondem histórias tão tristes ,atrás de rostos tão lindos.
Mas o que mais me impressionou com o meu contacto directo com este país é a dignidade e força que todas estas mulheres têm.
Um grande beijinho e continuação de um bom trabalho.
Oh minha querida Joana
ResponderEliminarJá me puseste outra vez com as lágrimas nos olhos.
Beijo
Boa noite.
ResponderEliminarEncontrei este espaço através do Blog do Dr. Fernando Nobre, que sigo há já algum tempo.
Que palavras usar para tentar transmitir a alegria que me invade ao saber da existência de pessoas como o dr. Fernando Nobre e a Joana, que dedicam a vida aos que mais necessitam.
Eu, dentro das possibilidades que tenho, procuro ajudar sempre aqueles que passam pelas mais variadas dificuldades. Ainda assim, sinto que é pouco ao deparar-me com realidades como as que a Joana transmite. Espero um dia poder dar mais de mim a este mundo que parece ser ignorado pelos nossos governantes.
Parabéns pela sua luta.
Cumprimentos